domingo, 28 de novembro de 2010

Sexta de Música #7 (no domingo)


All I wanted, just sped right past me
But I was rooted fast to the earth
I could be stuck here for a thousand years
Without your arms to drag me out


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quinta de Poesia #7

Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.

Octavio Paz

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Silêncio.

São mil palavras. Uma troca de olhar. Ela olha para baixo, talvez seja a hora de dizer, mas dizer o que? Que ela o ama? Que tudo o que sempre quis estava nele? Ela não pode fazer isso. Outra troca de olhar e ele se vira. "Espera", ela pede, ele volta "o que?", "você esqueceu" ela responde olhando em seus olhos. Mas então perde a coragem, não consegue dizer que o que ele esqueceu foi ela. Esqueceu de amá-la, de beijá-la com paixão, de sorrir aquele seu sorriso encantador só para deixá-la babando feito boa. Esqueceu de fazê-la feliz. Agora por culpa da falta de coragem ele se foi, talvez para sempre. E ela nunca vai poder aquilo que ficou engasgado.

sábado, 20 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quinta de Poesia #6

O Grilo Falante saíra pelo mundo e assim chegara a China, onde encontrara outros grilos submetidos a uma triste sina: eram obrigados a lutar entre si para diversão de uns poucos espectadores. No meio deles o Grilo Falante se destacava, sobretudo, porque falava duas línguas: a dos humanos e a dos grilos. O que considerava uma dádiva do destino. Era uma oportunidade para que assumisse o papel de defensor dos oprimidos. Assim como Espártaco liderara uma revolta de gladiadores, ele lideraria os grilos não falantes numa rebelião. Empolgado, fazia discurso atrás de discurso: “Nós grilos, somos vitimas dos humanos!” Proclamava. “Eles fazem com que a gente se mate, e para quê? Para que tenham diversão, uma diversão cruel, doentia...uni-vos, grilos! Nada tendes a perder, a não ser a vossa condição de escravos!”
No começo os grilos ficaram perplexos, sem saber o que fazer, mas aos poucos foram se entusiasmando com a pregação e acabaram autorizando o Grilo Falante a negociar com os humanos, condições de vida mais justas. O Grilo Falante disse aos proprietários dos grilos que nada tinha a ver com política. O que ele queria era proteção para seus companheiros. E listou suas condições: as lutas, daí em diante, deveriam ser apenas simuladas, de brincadeira. A caixa em que lutavam seria confortável, com ar condicionado. Os grilos teriam direito a ração dupla de alimento e, etc...
Na falta de alternativa, os donos dos grilos aceitaram as condições. Mas estão atrás do Pinóquio. Pagarão a ele qualquer quantia para que leve o Grilo Falante embora da China.

Reflexão: Os mais espertos se sobressaem sempre sobre os demais.

Moacyr Scliar

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sexta de Música #5

Chanson juste pour toi,
Chanson un peu triste je crois,
Trois temps de mots froissées,
Quelques notes et tous mes regrets.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quinta de Poesia #5

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes