quarta-feira, 13 de março de 2013

Bailarina.

Quem a vê assim tão leve não faz nem ideia do que acontece em sua mente. Quem admira sua postura não imagina o esforço que a bailarina faz para ignorar o peso do mundo em suas costas e não se curvar nunca.
Algumas piruetas tiveram de ser feitas em areia movediça. Um palco que sempre a arrastava para baixo e tentava arrancar seu sorriso. Porém a bailarina mantinha a classe e sempre conseguia bailar mais adianta.
Não havia nada que a fizesse parar de bailar ou de sorrir. Mesmo quando tudo desmoronava a sua volta, a concentração nos seus olhos era maior que tudo.
A vida da bailarina mudou quando ela percebeu que tudo é ela por ela mesma e que ninguém, somente ela, poderia obrigar seus pés a manterem o ritmo e sua coluna a manter-se reta. Somente ela poderia corrigir seus erros e repetir seus acertos. Então ela entendeu também que nunca houve competição nenhuma e que os pódios, medalhas e troféus existiam apenas em sua mente.
Então, finalmente, a bailarina se permitiu relaxar, fugir um pouco das normas e dançar como sentisse vontade. Finalmente ela se permitiu ser feliz.
Agora os passos são sempre leves e o chão é sempre duro, como deve ser.