domingo, 29 de janeiro de 2012

Camaleão.

Eu sempre me surpreendi com essa sua facilidade de mudar. Uma hora eu quase podia sentir sua afeição por mim e num piscar de olhos eu parecia senti seu ódio.
No fundo (quem eu estou tentando enganar? Nem se quer precisam ir muito longe para enxergar isso) você nunca me quis. Mas por discrepância do destino, eu vim para ficar.
Admirável também, sempre foi sua capacidade de ignorar o som da minha voz e a minha presença. Eu nunca te surpreendi. Nada do que eu fizesse seria bom ou ruim o suficiente para abalar toda a indiferença. Tão pouco te surpreendia com minha capacidade de auto-punição. Minha facilidade para chorar te irritava. Você sabia o quanto suas palavras, sua indiferença doíam em mim, mas isso nunca pareceu te incomodar.
Ainda assim, eu queria entender entender como você não se acostumou comigo, não percebeu que nunca terá por onde fugir, eu não iria (se quer poderia) à lugar algum.
Eu era como um brinquedo para você, um brinquedo sem graça, sem propósito, que só gastava pilha.
Eu sou um brinquedo que você nunca pediu para ganhar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sexta de Música #26

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run...


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quinta de Poesia #26.


Vertical Noturna

Na meia noite há pessoas
que ainda andam por aí
sem saber pra onde seguir
seguem perdidas em si
não conseguem se destrair
fraudando estarem felizes
preenchem o vazio
com coisas que nunca são mais,
preenchem o vazio
com coisas demais triviais
Na meia noite há pessoas
que ainda andam por aí
tentando nem pensar
no que ainda há por vir,
sem ao menos tentar
já pensam em desistir
suas vidas são menos vividas
seguem a reta esquecendo as esquinas
Mauricio Nuper

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sobre caminhar.

(ou Sobre seguir em frente.) (ou Sobre o novo ano.)

Nunca fui uma pessoa de fé, sempre achei que a fé é a coragem dos covardes. E nunca fui de admitir que era uma covarde. Logo eu, a mais covarde de todas. Mas não adianta, não consigo ter fé.
Ainda assim, alguma esperança eu consigo alimentar dentro de mim. Pouca, mas alguma. Com um novo ano começando fica um pouco mais fácil eu tentar me encher de otimismo e pensamentos positivos. O que fica difícil é dar o primeiro passo.
Quando você se acostuma com as coisas dando errado e encontra uma fonte (mesmo que seja mínima) de esperança e tenta se agarrar à ela, fica difícil agarrar para valer, admitir que talvez dessa vez as coisas não saiam de controle e podem até dar certo. O primeiro passo é admitir isso e é sempre o mais difícil. "O copo está meio cheio ou meio vazio?", admitir que o copo pode estar 51% cheio é difícil, 1% faz uma diferença enorme quando se trata da vida e de tudo o que pode dar errado nela. 1% faz diferença quando o assunto é felicidade.
Com o primeiro passo dado vem a coragem para dar os outros e cada vez mais a fé se afasta de mim...
Mas apesar de não ter fé, eu sempre pedi. Aos astros, a mim mesma, ao destino, a nada. Sempre pedi. Só que hoje eu não peço mais nada, não aguento mais pedir. Chegou a hora de realizar.

"Se a vida fosse um ensaio... e tivéssemos tempo para refazer. Poderíamos experimentar até acertar. Infelizmente, cada dia da nossa vida é o dia final. Parece que mesmo quando podemos ensaiar e praticar... não estamos preparados para os grandes momentos da vida." (Grey's Anatomy 8x11)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sobre os melhores.

Eles são únicos. E não se diferem só do resto do mundo, mas também deles mesmos. Você não tem igual. E se eu perdê-los, não vou conseguir substituí-los por outros.
Eles são incríveis. Eu não preciso chamar, muito menos gritar, para que eles entendam quando preciso deles.
Eles são sinceros. E falam o que tiverem que falar. Me xingam, dão bronca, falam coisas que eu não quero escutar. Mas eles podem fazer tudo isso, chega a ser o dever deles.
Às vezes eles fazem com que eu me desdobre. Viro mãe, enfermeira, pole dance, cadeira. Mas eu não me importo, porque sei que exijo isso deles também.
Eles só despertam o que há de bom em mim e tudo o que eu consigo desejar é o bem à eles.
É neles que eu confio meus maiores segredos, medos, dúvidas. É com eles que eu quero partilhar meus melhores momentos, minhas melhores alegrias.
São eles que me fazem rir nos momentos mais inoportunos (e oportunos também), são eles que dão toda a força que eu preciso. São eles que me fazem ir em frente.
E é a presença deles que eu quero ter sempre por perto.
Eles são os melhores. Eles são os meus amigos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Henrico.

Henrico vivia entre acordes, mas fingia viver entre legislações. Henrico sonhava com shows e fãs, mas dizia sonhar com tribunais. A única maneira de alcançar o que almejava era deixando de ser quem ele realmente era. Com o tempo, essa se tornou sua maior especialidade.
Nascido em berço praticamente de ouro e criado em internatos religiosos, Henrico cresceu acreditando que poderia ter tudo o que quisesse. Até que conheceu novos amigos.
Montou uma banda, deixou o cabelo crescer, arrumou uma namorada e uma legião de fãs.
Mas para os pais ainda era o Henrico de sempre, o cabelo fazia parte de uma promessa, a namorada era só um erro e os fãs... os pais nunca souberam dos fãs. O filho seria o advogado que eles sempre sonharam. Só que não era isso que Henrico queria, nunca foi.
Henrico só queria viver a própria vida. Fazer sua música, tocar sua guitarra. Independente dos pais, dos amigos, da namorada, dos fãs. Ele só queria viver a vida que ele sempre sonhou em ter. Seria isso querer demais? Seria isso sonhar muito alto? Não importava. Não mais.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sexta de Música #25

And we're just following the flock, round
And in-between, before we smash to smithereens
Like they were, and we scramble from the blame


Quinta de Poesia #25

Poesia por acaso

Sem inspiração
estou agora.
Tento atiçar a imaginação
mas ela demora.
Não consigo pensar em algo
que faça rimas.
É como querer acertar o alvo
com a flecha apontada para cima.
Não acho um bom assunto
que se organize bem em versos.
Mesmo sabendo que no mundo
há mil assuntos diversos.
Que coisa chata,
não consigo imaginar.
Isso quase me mata, 
porque é horrível não poder pensar.

Mas espere um momento,
mesmo não tendo um tema,
se estas frases vou relendo,
vejo que é um poema!


Clarice Pacheco.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ideologia, eu quero uma pra viver.

Eu só queria entender quando a brincadeira parou de ter graça para mim. Qual foi o momento em que eu percebi que viver não é tão divertido assim, é muitas vezes duro?
Uma dose de tequila não vai acabar com a fome no país e um engradado de cerveja não vai fazer com que os políticos corruptos doem seu dinheiro para instituições carentes.
Só eu enxergo isso?
Se eu não me encaixo, talvez a culpa não seja minha. Talvez seja da minha geração. Não somos a geração saúde, ou a geração rock and roll, somos apenas uma geração sem propósito e sem ânimo para lutar. Apenas uma geração que será esquecida em breve.
Nos anos 70 os jovens eram protestantes, formadores de pensamento, hoje são o que? Alcoolatras?
Ainda há motivo para lutar, ainda há motivo para protestar. Mas há uma festa e provavelmente estarei muito ocupada tentando parecer legal.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Robô.

Tudo se resume em uma coisa só: sentir.
Mas como estar vivo e não sentir nada? É estar vivo por fora e morto por dentro. E é nessa condição em que vivo.
Enxergar com os olhos da alma, amar como se não houvesse amanhã, se apaixonar como se a própria vida dependesse disso... é mesmo necessário?
O problema dos humanos é que eles sentem... e se entregam.
Seria tão mais fácil se fossem um robô, assim como eu.