segunda-feira, 25 de julho de 2011

Adam.

A primeira vez que eu o vi, tinha apenas cinco anos. Como em praticamente toda a minha infância, eu estava doente, então ele chegou de fininho e não disse nada, só segurou a minha mão. E nunca mais largou.
Se não fosse a mão dele segurando a minha, eu nunca teria enfrentado o primeiro dia do jardim de infância ou teria dito para o garoto melequento que implicava comigo o quanto eu o odiava. Se não fosse a mão dele segurando a minha, eu não aguentaria comer todas as verduras que me obrigavam ou aguentado a separação dos meus pais.
Adam foi o meu melhor amigo na infância (e depois, é claro, em toda a minha vida), me contava histórias sobre Napoleão, Henrique VIII e Colombo, me ensinou toda a história do mundo. Brincávamos de dar formas às nuvens. Ele via dragões, rostos, árvores... por causa dele eu só via corações.
Adam foi o meu maior segredo, nunca contei sobre ele para ninguém. Só de imaginar outra pessoa sentada ao seu lado, sentindo a força do seu olhar, me fazia sentir calafrios. Costumavam dizer que eu deveria ter algum problema mental por andar sempre sozinha, ninguém entendia. Adam entendia. Desde aquele dia, quando ele pegou pela primeira vez em minha mão, eu soube que ele seria o único a me entender.
Ele foi meu único amor.
Mesmo que nunca tenha realmente existido.

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