sábado, 28 de julho de 2012

Telefonema.

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Atende.
Por favor.
Anda logo.
Atende.
Eu tenho tanto para lhe falar...
ATENDE.
Ontem encontrei uns CD's que você me deu... um deles tinha a nossa música. Aquela do Chico, sabe?! Eu olhei sorrindo para o lado, mas não era você que estava lá. Ao lado de quem você estava?
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Se você me atender agora a gente pode marcar de sair. Um jantar naquele restaurante japonês que você gosta. Eu sei que eu odeio esse tipo de comida, mas tento por você. O importante é te ver...
Atende.
Eu quero ouvir sua voz. Quero te ver, sentir seu perfume.
Depois de tanto tempo eu descobri de que é o seu cheiro. Jasmim. Acertei? Minha mãe comprou algumas, quando entrei na casa dela parecia que estava te abraçando. Roubei uma para deixar no meu quarto, assim vou dormir pensando em você.
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Você não está mesmo em casa?
Sabe... as coisas mudaram. Deixei de usar sempre o boné para trás (na verdade, agora quase não o uso), aprendi a comer legumes e comecei a ler alguns livros... E finalmente, agora com vinte e um anos estou me tornando um homem. Um homem por você, para você, digno de ti.
Afinal, você é tudo o que sempre quis e que nunca soube que tinha.
"... Deixe seu recado após o sinal."
Saudades. Me liga.

Sexta de Música #34

But you're so busy
Changing the world
Just one smile
Can change all of mine


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Quinta de Poesia #34


Se vai tentar
siga em frente.

Senão, nem comece!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.

Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...

A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.

Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.
Charles Bukowski

sábado, 21 de julho de 2012

Querer.

As esperas me matam.
Você disse: "você é quem sabe", mas não sou eu que estou confusa. Eu sei o que eu quero e eu quero você.  Quero te cuidar, ocupar minhas horas vagas pensando em você, ouvir músicas e pensar só em nós. Quero te apresentar para as pessoas mais importantes da minha vida, porque você também está se tornando importante. 
Quero deixar meu sorriso rolar solto e poder responder que a razão disso é você, quero acordar com os olhos brilhando por ter sonhado contigo.
Quero que me faça esquecer os erros do passado e amoleça por completo esse meu coração, que me faça sonhar, voar e logo depois me traga de volta ao chão, de volta aos seus braços.
Eu quero tanta coisa que já perdi a linha do raciocínio, mas não importa, porque no final eu quero só você. 
Quero que você queira tudo isso comigo e que deixe de ser uma dúvida para mim.
Quero dizer à todos que sim, eu me apaixonei.
Mas e você? O que quer de mim? E de nós? Ah, essas esperas me matam...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Memórias de Penteadeira IV.

Escovava meus cabelos sentada e encarando a mim mesma naquela penteadeira que compramos no antiquário de Santa Teresa. O apreço que tenho por essa penteadeira é o mesmo que tenho de você, por isso desde que você se foi gasto horas do meu dia escovando os cabelos em frente à ela. Era como naquele livro "Cem escovadas antes de dormir", mas era o dia inteiro e eu perdi a conta quando passaram de duzentas.
E eu escovava, escovava, escovava. Foi quando a cortina voou e o sol lentamente entrou pela janela. Primeiro um raio de luz no chão que saiu dançando pelo quarto. Cama, cabeceira, porta-retrato e por fim, a penteadeira. Tudo então, se iluminou.
Olhei ao redor e mais raios de sol dançavam pelo quarto. Quando um deles me tocou, vieram as cores.
O quarto que antes era preto e branco agora parecia um arco-íris. A penteadeira com aquela cor sem graça, se transformara completamente e eu com ela.
Eu sabia que agora poderia parar de beber, sair de casa e nunca mais ouvir aquela canção. Havia cor no mundo de novo. No meu mundo.
Foi como se o sol não tivesse invadido meu quarto, mas a mim. Me iluminou e me aqueceu.
Depois desse dia nunca mais pensei em você. A penteadeira? Vendi para um antiquário qualquer.



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Paranoia II.

Não havia horário para ser atendida.
No estacionamento, todas as vagas já haviam sido ocupadas.
O restaurante estava lotado e os ingressos esgotados.
Não havia seu manequim nas lojas nem o número de seu calçado.
O hospital não tinha leito para ela e os médicos cuidavam de outros pacientes.
Os assentos do avião já tinham dono e não passava um só táxi sem passageiro.
O caixa fechou quando ela seria atendida, a porta cerrou quando ela abriria, o elevador parou quando ela subiria.
No telefone ela não conseguia falar, as linhas estavam ocupadas.
As placas pareciam mudar para que ela sempre se encontrasse na contramão.
No baile, ela era a única que não tinha um par.

É o mundo que anda lotado ou ela que não encontra um lugar em que se encaixa?