segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O que eu aprendi com os trevos.

As pessoas depositam tudo em mim. Sua sorte, seus segredos, seu destino... mas oras, o que eu deveria fazer com o destino dos outros?
Dizem que eu sou única, como um trevo de quatro folhas. Se eu dou sorte? Não sei. Se o trevo dá? Não sei, acredito que ele também não saiba. Nós queremos viver nossas vidas, tomar banho de sol e de chuva, sem ter ninguém desabafando por perto. Afinal, ninguém é tão único que não possa ser substituído. Logo vai aparecer outra pessoa exatamente igual à mim. Trevos de quatro folhas, são especiais, mas não são únicos, existem aos montes por aí.
O problema dos trevos é a estaticidade. A terra é mesma, não muda. Talvez só os trevos mudem, se renovem. Ah, se eu pudesse me renovar com tanta facilidade. Apenas um pouco de água e eu me tornaria uma nova pessoa, não ligaria de ficar parada se isso fosse apenas a consequência de uma renovação.
Aprendi com os trevos que falta de carinho, mata. Trevo morre por falta de atenção o tempo todo e acho que eu morro um pouco também. No fundo, vai ver eu sou um trevo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Você papel.

Comecei pela nuca com cuidado para não te acordar. Contei como nos conhecemos e tudo sobre aqueles primeiros olhares.
Enquanto você dormia escrevi um livro inteiro em suas costas.
Fiz de todos os sinais um ponto final e a história seguia as curvas do seu corpo.
Eu viveria de escrever se você fosse meu papel. Meu manuscrito, rascunho de todas as noites, cura para minha insônia.
Quando eu te conheci não sabia que faria com que eu voltasse a escrever, mesmo que somente em seu corpo.
Tenho desenhado almanaques inteiros enquanto te assisto dormir, inspirada no seu sorriso que aparece para depois sumir lentamente durante algum sonho.
O tempo parece parar enquanto meus dedos percorrem seu corpo formando letra atrás de letra. A inspiração veio junto ao papel.
Hoje só tenho que agradecer e pedir que não acorde agora, ainda há muito para escrever.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Word Cloud.

Word Cloud listou as palavras mais utilizadas no blog e o resultado foi esse. Cliquem na imagem para ver ampliado.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Balé é coisa de homem.

É perceptível que a maioria das pessoas ache dança coisa de mulher, mais especificamente o balé. Quem assim pensa não poderia estar mais equivocado, visto que o corpo masculino é perfeito para esta atividade.
Uma dança que exige rigidez e ao mesmo tempo leveza deveria, em sua maioria, ser protagonizada por homens. Os músculos rígidos em harmonia com a ausência de curvas definidas permite ao corpo masculino que se molde a qualquer forma dando a impressão de que se pode voar com os pés no chão.
As mulheres não devem se sentir ameaçadas pela presença de homens em corpos de balé, há espaço para ambos nessa dança. Inegável é que balé pertence a eles, encaixa-se em seus músculos e é levado pelo ritmo de suas (quase inexistentes, porém criadas) curvas.
Se todos parassem para admirar e apenas fazer isso, sem distinção de gêneros ou raças, o mais importante seria a arte e a beleza que ela carrega. Infelizmente isso só ocorreria em um mundo utópico e livre de preconceitos, porém muitas vezes uma coreografia pode ser melhor interpretada por bailarinos do que bailarinas.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Sobre o tempo.

O relógio da sala está quebrado, mas o tempo, não. Graças ao relógio quebrado e minha falta de memória tenho chegado atrasada em praticamente todos os compromissos. Isso porque o tempo não está quebrado.
Se o tempo parasse, eu moraria naquele abraço. Não terminaria aquele beijo, ouviria aquela risada até que eu transbordasse de alegria, me perderia para sempre naquele olhar. Eu dormiria o suficiente para o meu corpo descansar e assim não sentiria mais dores, logo não viveria de mau humor e distribuiria mais sorrisos. Se o tempo parasse, certamente eu sorriria mais.
Eu poderia conhecer o mundo inteiro, finalmente encontrar meus amigos do colégio e aprender tudo o que eu sempre quis saber. Eu queria que ele parasse para ver os filmes que eu sempre quis ver, ler todos os livros da minha lista, visitar todas as pessoas que eu tenho de visitar.
Se o tempo parasse, eu poderia viver.
Tudo o que eu quero é que nesse momento ele pare.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O mérito e o monstro.

Seus problemas não são meus. Sua dor nunca foi minha.
Não faço mais masoquismo com a minha mente. Não fico mais doente pela doença dos outros.
Mudei meu foco, transferi ele pra mim. Quero viver meus sonhos, ouvir meus discos e ver meus filmes. Quero participar ativamente da minha vida e ser apenas coadjuvante da sua. Descobri que isso faz um bem não só pra mim, mas para nós. Isso evita brigas que aconteceriam se eu continuasse querendo que você agisse da maneira que eu agiria. Nós não somos a mesma pessoa.
Não dou mais conselhos que nunca serão seguidos e não me importo mais com escolhas erradas quando não são minhas.
Estou me libertando desse monstro que sempre viveu em mim e gozando da virtude que é viver a minha vida.
O monstro é cada um de vocês, mas o mérito é meu. O mérito é todinho meu.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Prova.

Fui ontem à casa dos meus pais e minha mãe ficou dizendo o quanto eu parecia diferente de alguns meses atrás. O tempo que passei com eles fiquei me policiando para ser o mesmo, aquele que eles conheciam, porém a cara de desaprovação de meu pai provava que eu não estava tendo sucesso como ator.
Mas a verdade é que eu mudei mesmo quando conheci você. Fui apresentado ao vício do café, músicas de artistas completamente desconhecidos, um jeito (estranhamente) curioso de dançar, dentre outras coisas. E pra mim isso era normal, coisa de convivência mesmo, nada sentimentaloide e tudo mais.
Só a convivência.
Até ontem.
Quando dei por mim estava na fila do banco cantarolando aquela música do Bruce Springsteen exatamente do jeito que VOCÊ cantarola. Com as SUAS manias no jeito de cantar e não com as dele ou as minhas.
É isso.
Não tem mais jeito.
Peguei uma mania sua. E isso para mim é amor. Isso pra mim é prova de amor.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Bailarina.

Quem a vê assim tão leve não faz nem ideia do que acontece em sua mente. Quem admira sua postura não imagina o esforço que a bailarina faz para ignorar o peso do mundo em suas costas e não se curvar nunca.
Algumas piruetas tiveram de ser feitas em areia movediça. Um palco que sempre a arrastava para baixo e tentava arrancar seu sorriso. Porém a bailarina mantinha a classe e sempre conseguia bailar mais adianta.
Não havia nada que a fizesse parar de bailar ou de sorrir. Mesmo quando tudo desmoronava a sua volta, a concentração nos seus olhos era maior que tudo.
A vida da bailarina mudou quando ela percebeu que tudo é ela por ela mesma e que ninguém, somente ela, poderia obrigar seus pés a manterem o ritmo e sua coluna a manter-se reta. Somente ela poderia corrigir seus erros e repetir seus acertos. Então ela entendeu também que nunca houve competição nenhuma e que os pódios, medalhas e troféus existiam apenas em sua mente.
Então, finalmente, a bailarina se permitiu relaxar, fugir um pouco das normas e dançar como sentisse vontade. Finalmente ela se permitiu ser feliz.
Agora os passos são sempre leves e o chão é sempre duro, como deve ser.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um ano.

A gente não se dá conta do tanto de coisa que acontece em um ano.
São trezentos e sessenta e cinco dias de passos para frente e para trás. E nunca voltamos ao mesmo lugar.
A gente ri, chora, cria coragem. Tem medo, sofre, se apaixona. Faz tatuagem ou tem ideias pra fazer uma.
A gente tenta.
Todo ano a gente tenta.
Alguma coisa, qualquer coisa.
E quando cantam "parabéns" é que pensamos onde chegamos e o que conseguimos em um ano.
Se nada conseguimos, a gente continua tentando. Em trezentos e sessenta e cinco dias tanta coisa acontece, vai ver nesse "tanto" o que realmente queremos acaba acontecendo...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quinta de Poesia #39

O Laço e o Abraço
(Mário Quintana)

Você já reparou como é curioso um laço... 
Uma fita dando voltas? 
Se enrosca...
Mas não se embola,
vira, revira,
circula e pronto:
está dado o laço

É assim que é o abraço:
coração com coração,
tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço:
um laço no presente,
no cabelo, no vestido,
em qualquer lugar que se precise enfeitar

E quando a gente puxa uma ponta,
o que é que acontece?
Vai escorregando devagarinho,
desmancha, desfaz-se o laço.

Solta o presente,
o cabelo, fica solto no vestido.
E na fita, que curioso,
não faltou nem um pedaço.

Ah! Então é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento?

Como um pedaço de fita?
Enrosca, segura um pouquinho,
mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz
- romperam-se os laços.
- E saem as duas partes,
igual os pedaços de fita,
sem perder nenhum pedaço.

Então o amor é isso...

Não prende,
não escraviza,
não aperta,
não sufoca.

Porque quando vira nó,
já deixou de ser um laço!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Errado.

Hoje eu vi uma pessoa muito parecida com você ou pelo menos como você deveria ser se aquilo não tivesse acontecido.
Então lembrei que você NÃO é assim e, SIM, aquilo aconteceu. E de repente estar feliz não me pareceu certo. Sair pra dançar, beber com os amigos, trabalhar, nada disso me pareceu certo porque você não pode fazer isso junto comigo.
Se tudo tivesse ocorrido como o planejado estaríamos juntos, quase como irmãos, os maiores confidentes. Eu faria questão de te ter por perto, de que você conhecesse meus amigos e fosse amigo deles.
Eu faria questão de você.
Se nada do que aconteceu tivesse de fato acontecido eu poderia estar no cinema agora e você do meu lado segurando a pipoca, fazendo piada, rindo sem motivos.
Mas não é assim e tudo a minha volta parece estranho e errado. Porque você não está aqui, porque a tragédia aconteceu e porque aquela pessoa parecida com você não é você.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Só.

Eu quero aprender a dizer "sim" e a dizer "não" também.
Eu quero parar de fazer diálogos em minha mente e pôr todos em prática. (Nem que seja em forma de roteiro de um filme hollywoodiano.)
Quero deixar minha imaginação fluir e me levar até meus sonhos. Quero ver esses sonhos realizados.
Eu quero mais choros de alegria, mais abraços apertados, mais surpresas.
Mais felicidade.
Muito mais felicidade.
Eu quero menos drama, poucos gritos, menos portas batendo, menos isolamento.
Eu quero poder aparecer. Fazer com que as pessoas me enxerguem e vejam algo bom em mim.
Dar adeus ao casulo. Voar... voar.
Só.
Eu só quero... poder querer.

Primeira vez.

Você escolheu me encontrar na sua livraria preferida.
Assim que botei os pés na Travessa do Ouvidor entendi seus motivos para gostar tanto daquela rua. Sobrados, restaurantes antigos e a primeira Livraria da Travessa, lá desde de 1986. Uma rápida volta ao passado em pleno 2013.
Abri a porta pesada da livraria e senti o cheiro dos livros. Lembrei-me da sua mania de cheirar qualquer livro que pôr em mãos e tentar adivinhar seu tempo de uso. Segui em frente e ao virar em direção ao café logo avistei você, sentada, (não me admira) lendo e remexendo uma colher em uma xícara de café sem parar. Sorri ao notar que mexia a colher sem nem perceber o que estava fazendo.
Foi nesse momento em que me apaixonei.
E nossa, como você é linda. De onde estou, a luz ilumina apenas metade do seu rosto, tem um sorriso no canto da sua boca, um sorriso de satisfação e como eu gostaria de estar lendo seus pensamentos.
Eu quero me aproximar e dizer tudo o que penso sobre você. Quero que você tire os olhos do livro e mantenha-os fixados em mim, mas isso faria com que todo encanto fosse embora e eu não quero deixá-lo ir. Quero absorver todo seu encanto e me apaixonar cada vez mais a cada segundo.
Cada segundo como se fosse o primeiro segundo da primeira vez.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ciclo.

Saudade dá e passa.
É igual fome.
Você sente um pouco, sente muita, mas uma hora para de sentir.
É isso que anda me ocorrendo.
Eu sinto saudade, eu sinto muita, mas eu paro de sentir.
Só não pode passar aquele filme, tocar aquela música, vir aquele cheiro... Aí a saudade volta.
Volta, mas passa.
É igual fome.
Saudade dá e passa.
Você passou. A saudade está passando...