quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

(Des) Encontros.

Tínhamos hora marcada. 11:50. Às vezes eu me atrasava, mas parecia que você esperava.
Nos olhávamos. Aquele olhar cúmplice, junto com um aceno de cabeça, quase como se disséssemos: "eu te entendo.".
Eu queria te entender.
Não sei seu nome, sua origem, seus motivos. Só sei que você está ali. Cinquenta minutos antes de mim, sendo você, sem máscaras ou amarras.
Apenas você.
Depois, só eu. Sem máscaras ou amarras.
Você dá seus motivos, conta suas dores, seus amores (será que já teve algum?), seus passos.
Em seguida, eu mostro minhas dores, meus motivos, minha falta de amores, meus passos.
De um certo modo, estamos (inter) ligados. O horário e o local nos conecta e nos faz cúmplices. O aceno de cabeça é o nosso código de honra, de que guardaremos os segredos um do outro. Mesmo que eu não saiba dos seus segredos e nem você dos meus.
Tínhamos hora marcada. 11:50. Hoje eu cheguei atrasada demais e não te vi. Não se preocupe, seus segredos eu ainda levo comigo.

domingo, 25 de novembro de 2012

O outro lado.

Você diz que tudo tem dois lados, mas ultimamente seus argumentos andam muito falhos para mim.
Mas eu entendo.
Meu desejo de me enclausurar não condiz com a minha vontade de aparecer para o mundo, já a minha vontade de aparecer para o mundo não condiz com a minha timidez.
É a preguiça contra a vontade de levantar. O romantismo contra o medo de amar. Ter ganho liberdade e não me sentir livre, apenas me sentir... só.
E essa vontade de crescer? Não combina em nada com a minha vontade de voltar a ser criança. E brincar... brincar. Só brincar.
Dois lados dentro de mim e o que eu faço? Paro. Não sigo nenhum. E acabo ouvindo suas baboseiras, porque mesmo falhos, seus argumentos são o que tenho de mais concreto para me agarrar. E eu me agarro.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Quinta de Poesia #38



O que fica?



A beleza se vai

A vaidade não existe mais
A força se acaba
Os olhos ficam brandos e lagrimais
A voz quase não sai
As marcas aparecem cada vez mais
O tempo
Como queria que durasse um pouco mais
Então o que fica?
Quando chegamos uma determinada idade
Sabemos muito bem
Mas o que da saudade
Que saudade
É do que já se foi há muito tempo


Sandro Sansão da Silva Costa

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Não me ensinaram.

Não me ensinaram a errar.
Ou a desenhar.
Não me ensinaram a perdoar.
Muito menos a esquecer.
Não me ensinaram a ligar pra pizzaria sem gaguejar.
Ou a ficar um dia inteiro sem estalar os dedos.
Não me ensinaram a beber por status.
Muito menos tratar mal as pessoas à minha volta.
Tentaram me ensinar a crer, mas isso eu não aprendi.
Não me ensinaram a gostar de rosa.
Ou a não ter medo de nada.
Me ensinaram a comer salada, mas isso eu desaprendi rápido.
Não me ensinaram a ser otimista.
Muito menos a me entregar.

Agora os anos passam e eu não consigo aprender nada disso...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Adeus.

Tentou se afastar, achou melhor voltar.
Mudou todos os planos, tentou juntar aos dele, não deu.
Tentou somar os sonhos, mas eram muito diferentes.
Tentou se convencer, mas percebeu que não conseguia mais amar, não à ele.
Ela só percebeu que precisa descansar, que finalmente aprendeu a se amar, a pensar em si.
Mas ela não sabe dizer adeus. Ela tentou, mas não conseguiu. Precisa dizer que não sabe se vai ligar, mas que sabe que nada vai mudar.
Não sabe dizer adeus, não sabe mais lhe amar...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sexta de Música #37

"All I want is for you to make love to me.
Am I hard enough?
Am I rough enough?
Am I rich enough? 
I'm not too blind to see"

terça-feira, 16 de outubro de 2012

16.10.2012

Nesse momento estou bem em cima da nossa banheira ou pelo menos do lugar aonde ela irá ficar, já consigo visualizar você dentro dela, submersa e de olhos fechados, sentindo a água em seu corpo e se transformando na própria. E eu estarei encostado na porta, você não notará minha presença e eu continuarei calado, apenas admirando a bela mulher por quem fui me apaixonar.
Na cozinha, é fácil ver os jantares que faremos. Cheiro de alguma coisa queimada e a gente discutindo se vamos ligar para pizzaria ou algum restaurante japonês. Nós precisamos aprender a cozinhar, amor.
Na sala toda a representação dos nossos opostos. O video game do lado da máquina de escrever que você herdou do seu avô, o violão ao lado do livro do momento. Lugar do que nos afasta, mas aonde nos encontraremos mais.
Se eu fechar os olhos, quase sinto você ao lado do berço, com nosso bebê nos braços, ninando ele ao som de Rolling Stones. Você olhará para mim e dirá: "cantigas de ninar são um tédio.", e assim que ele adormecer, te levarei para o quarto, ainda com a canção em mente e cantarei.

All I want is for you to make love to me.
Am I hard enough?
Am I rough enough?
Am I rich enough? 
I'm not too blind to see.

É, nós teremos uma vida boa.
Para sempre teu,
Bruno.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Quinta de Poesia #37

Dizem que Finjo ou MintoDizem que finjo ou minto 
Tudo que escrevo. Não. 
Eu simplesmente sinto 
Com a imaginação. 
Não uso o coração. 

Tudo o que sonho ou passo, 
O que me falha ou finda, 
É como que um terraço 
Sobre outra coisa ainda. 
Essa coisa é que é linda. 

Por isso escrevo em meio 
Do que não está ao pé, 
Livre do meu enleio, 
Sério do que não é, 
Sentir, sinta quem lê! 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Andorinha.

Longe do grupo não conseguia alçar voo, se sentia acoada e desprotegida. Não sabia se impor e vivia se escondendo atrás dos outros.
Só que hoje ela está correndo perigo. Precisou se afastar do grupo para aprender uma lição, mas logo os gaviões se aproximaram. Se encolheu para fingir que não estava ali no alto da árvore, mas andorinha não é camaleão e não tem cor de folha, os gaviões sobrevoavam de longe, mas vigiavam de perto. Um descuido e andorinha virava jantar.
Encolhida e de cabeça baixa sentia vontade de chorar, mas não queria se render. Sabia que não tinha chances, mas não queria se entregar. Pensou no seu grupo e no orgulho que sentiriam dela.
Levantou a cabeça, inflou o peito e cantou.
Cantou alto a mais bela canção que conhecia.
Cantou e voou.
Naquele dia voltou sã e salva para o ninho. E cantando.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sexta de Música #36

"Christ, you know it ain't easy
You know how hard it can be
The way things are going
They're gonna crucify me"

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Quinta de Poesia #36

Ela canta, pobre ceifeira, 
Julgando-se feliz talvez; 
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia 
De alegre e anônima viuvez, 

Ondula como um canto de ave 
No ar limpo como um limiar, 
E há curvas no enredo suave 
Do som que ela tem a cantar. 

Ouvi-la alegra e entristece, 
Na sua voz há o campo e a lida, 
E canta como se tivesse 
Mais razões pra cantar que a vida. 

Ah, canta, canta sem razão! 
O que em mim sente ‘stá pensando. 
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando! 

Ah, poder ser tu, sendo eu! 
Ter a tua alegre inconsciência, 
E a consciência disso! Ó céu! 
Ó campo! Ó canção! A ciência 

Pesa tanto e a vida é tão breve! 
Entrai por mim dentro! 
Tornai Minha alma a vossa sombra leve! 
Depois, levando-me, passai! 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Castelo de areia.

Era a rainha de uma estrutura em ruínas onde não se podia tocar nas paredes, pois desmanchavam e viravam nada. Mesmo assim, ela não tinha como escapar.
Em todos os cômodos da casa havia cheiro de algo em decomposição. Era um cheiro forte e sufocante, do qual ela não conseguia se livrar. Nem flor de plástico sobrevivia no castelo, mas lá estava ela.
O único relógio que havia lá marcava apenas duas horas: 23:59h e 00:00h. O final de cada dia e o início do próximo.
À noite tudo escurecia e lá estava ela, ainda mais presa e sufocada. A luz bruxuleante vinda do único candelabro não era o bastante para iluminar todo o castelo e já que nada se podia fazer, ela dormia sob essa luz. E sonhava com uma rainha de asas que estava presa em seu castelo e não conseguia fugir enquanto ele desmoronava em sua cabeça. Toda vez que acorda, ela sabe.
Ela sabe que o castelo é ela e ela é o castelo. 
Ela sabe que não há maneira de fugir de si mesma.
Mas talvez quando o relógio bater meia-noite tudo melhore. Talvez ela crie suas próprias asas e consiga voar para bem longe.
Talvez... 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sexta de Música #35

"(...) Nego sinta-se feliz
porque no mundo tem alguém que diz:
que muito te ama que tanto te ama
que muito muito te ama que tanto te ama."

Quinta de Poesia #35



As Coisas

A bengala, as moedas, o chaveiro,

A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a desvanecida
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Servem-nos, como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos em um momento.
Jorge Luis Borges

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Agosto.


Acordei cedo. Acordei cansada, com vontade de desistir, querendo sucrilhos com leite e voltar a ser criança. Acordei com vontade do colo da vovó. Acordei.
Quando dormi de novo ainda era agosto...
Acordei tarde. Acordei com sede de conhaque e vontade de assistir qualquer coisa de Truffaut. Acordei querendo ser grande, ser adulta e de preferência outra pessoa que não fosse eu. Acordei querendo ser Melanie Laurent ou Audrey Tautou. Acordei.
Dormi.
Acordei pensando em você, te querendo por perto, precisando de ti. Acordei com saudade. Acordei com borboletas no estômago, achando que elas me levariam até você. Acordei.
E ainda é agosto...
Acordei cheia de energia, com vontade de aventura. Acordei pensando em escalar uma montanha, saltar de paraquedas ou pular de bungee jump. Acordei.
Dormi.
Acordei querendo te esquecer, querendo me doar para outros, conhecer novas pessoas. Acordei querendo dançar. Acordei querendo ver meus amigos. Acordei sociável. Acordei.
E agosto não termina...
Acordei querendo dormir, terminar o livro que está na cabeceira e não ver ninguém. Acordei minha. Acordei "para dentro". Mas acordei.
Dormi.
Mas agosto não termina.
Agosto dura uma eternidade.
E amanhã ainda será agosto...

domingo, 12 de agosto de 2012

Enterro.

Por quê? Digo, por que desse jeito?
Por que com você e comigo?
Por que você disse sim? Acredite, o não sempre foi uma opção.
Eu nunca exigi nada de você, nunca mendiguei carinho ou cobrei atenção. Achei que você sabia dos seus deveres. Então por que aceitou se nunca me deu tudo o que eu precisava?
Eu me cansei de me culpar, de demonstrar como sou frágil com você por perto, de não conseguir ser eu mesma com você. Por que eu?
Seria mais fácil se você dissesse de uma vez o quanto me quer longe, não precisaria insistir, eu entenderia. Poderia desabafar, dizer que me odeia, que deveria ter dito "não" enquanto pôde. Por que nunca me falou?
Agora já está tarde demais para esquecer ou tentar voltar o tempo. Por que você quis que fosse assim?
Muitas vezes desejei a morte à você, até anos depois perceber que, na verdade, você sempre esteve morto para mim. E junto com você se foram todas as respostas.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mãe,

as coisas por aqui não estão fáceis. É como se tudo estivesse ao contrário e já não sei mais o que é dentro e fora, dia e noite, norte e sul.
Estou perdida.
O mundo anda me forçando a ser forte e a mudar conforme as mudanças dele. Não sou mais a mesma e sinto saudades de mim.
Derramei tantas lágrimas que me sinto vazia.
Choro vazio.
Dividir minha dor se tornou desnecessário, ninguém entende por mais que eu explique e eu fui obrigada a me  isolar e me calar. Assim fui me perdendo mais e sentindo cada vez mais uma falta maior de mim, da verdadeira "eu", aquela que não é moldada, que é frágil e chora lágrimas de verdade.
Eu preciso voltar para casa, mãe. Me aceite de volta e na condição de mulher e mãe, acolha-me no peito teu. Me deixe chorar, seque minhas lágrimas de vazio na barra do teu vestido e me dê paz em troca de tanto desabafo.

sábado, 28 de julho de 2012

Telefonema.

.
.
.
Atende.
Por favor.
Anda logo.
Atende.
Eu tenho tanto para lhe falar...
ATENDE.
Ontem encontrei uns CD's que você me deu... um deles tinha a nossa música. Aquela do Chico, sabe?! Eu olhei sorrindo para o lado, mas não era você que estava lá. Ao lado de quem você estava?
.
.
.
Se você me atender agora a gente pode marcar de sair. Um jantar naquele restaurante japonês que você gosta. Eu sei que eu odeio esse tipo de comida, mas tento por você. O importante é te ver...
Atende.
Eu quero ouvir sua voz. Quero te ver, sentir seu perfume.
Depois de tanto tempo eu descobri de que é o seu cheiro. Jasmim. Acertei? Minha mãe comprou algumas, quando entrei na casa dela parecia que estava te abraçando. Roubei uma para deixar no meu quarto, assim vou dormir pensando em você.
.
.
.
Você não está mesmo em casa?
Sabe... as coisas mudaram. Deixei de usar sempre o boné para trás (na verdade, agora quase não o uso), aprendi a comer legumes e comecei a ler alguns livros... E finalmente, agora com vinte e um anos estou me tornando um homem. Um homem por você, para você, digno de ti.
Afinal, você é tudo o que sempre quis e que nunca soube que tinha.
"... Deixe seu recado após o sinal."
Saudades. Me liga.

Sexta de Música #34

But you're so busy
Changing the world
Just one smile
Can change all of mine


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Quinta de Poesia #34


Se vai tentar
siga em frente.

Senão, nem comece!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.

Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...

A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.

Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.
Charles Bukowski

sábado, 21 de julho de 2012

Querer.

As esperas me matam.
Você disse: "você é quem sabe", mas não sou eu que estou confusa. Eu sei o que eu quero e eu quero você.  Quero te cuidar, ocupar minhas horas vagas pensando em você, ouvir músicas e pensar só em nós. Quero te apresentar para as pessoas mais importantes da minha vida, porque você também está se tornando importante. 
Quero deixar meu sorriso rolar solto e poder responder que a razão disso é você, quero acordar com os olhos brilhando por ter sonhado contigo.
Quero que me faça esquecer os erros do passado e amoleça por completo esse meu coração, que me faça sonhar, voar e logo depois me traga de volta ao chão, de volta aos seus braços.
Eu quero tanta coisa que já perdi a linha do raciocínio, mas não importa, porque no final eu quero só você. 
Quero que você queira tudo isso comigo e que deixe de ser uma dúvida para mim.
Quero dizer à todos que sim, eu me apaixonei.
Mas e você? O que quer de mim? E de nós? Ah, essas esperas me matam...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Memórias de Penteadeira IV.

Escovava meus cabelos sentada e encarando a mim mesma naquela penteadeira que compramos no antiquário de Santa Teresa. O apreço que tenho por essa penteadeira é o mesmo que tenho de você, por isso desde que você se foi gasto horas do meu dia escovando os cabelos em frente à ela. Era como naquele livro "Cem escovadas antes de dormir", mas era o dia inteiro e eu perdi a conta quando passaram de duzentas.
E eu escovava, escovava, escovava. Foi quando a cortina voou e o sol lentamente entrou pela janela. Primeiro um raio de luz no chão que saiu dançando pelo quarto. Cama, cabeceira, porta-retrato e por fim, a penteadeira. Tudo então, se iluminou.
Olhei ao redor e mais raios de sol dançavam pelo quarto. Quando um deles me tocou, vieram as cores.
O quarto que antes era preto e branco agora parecia um arco-íris. A penteadeira com aquela cor sem graça, se transformara completamente e eu com ela.
Eu sabia que agora poderia parar de beber, sair de casa e nunca mais ouvir aquela canção. Havia cor no mundo de novo. No meu mundo.
Foi como se o sol não tivesse invadido meu quarto, mas a mim. Me iluminou e me aqueceu.
Depois desse dia nunca mais pensei em você. A penteadeira? Vendi para um antiquário qualquer.



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Paranoia II.

Não havia horário para ser atendida.
No estacionamento, todas as vagas já haviam sido ocupadas.
O restaurante estava lotado e os ingressos esgotados.
Não havia seu manequim nas lojas nem o número de seu calçado.
O hospital não tinha leito para ela e os médicos cuidavam de outros pacientes.
Os assentos do avião já tinham dono e não passava um só táxi sem passageiro.
O caixa fechou quando ela seria atendida, a porta cerrou quando ela abriria, o elevador parou quando ela subiria.
No telefone ela não conseguia falar, as linhas estavam ocupadas.
As placas pareciam mudar para que ela sempre se encontrasse na contramão.
No baile, ela era a única que não tinha um par.

É o mundo que anda lotado ou ela que não encontra um lugar em que se encaixa?

domingo, 24 de junho de 2012

Disparate.

Despiu-se e atirou-se na cama.
Os lençóis grudavam em sua pele.
Maldito calor.
Maldito Rio de Janeiro.
Então riu de si mesma.
Olha ela, sendo um clichê. Odiando a cidade que ama, odiando o tempo que ama.
Mentira.
Esse calor ninguém ama.
Pensou em ligar o ar condicionado, mas lembrou que não pagou a conta de luz esse mês.
Culpa dele.
Mentira, a culpa era dela.
Se naquela noite quente não tivesse sentado ao lado dele e ele não tivesse reclamado do mesmo calor, do mesmo Rio de Janeiro...
Se ele não tivesse oferecido um drink, algo com álcool e bastante gelo, se ela não tivesse caído na lábia ou pelo menos pensasse e não se entregasse de primeira...
Se ela não se derretesse toda vez que ele pedia para ela ficar um pouco, para não sair da cama, para não vestir a roupa, para não pagar as contas...
Se... Se... Se...
Se nunca tivesse feito aquele calor infernal e ela nunca tivesse precisado sair de casa para espairecer, as coisas teriam sido muito diferentes.
E agora, ela não estaria blasfemando sobre o calor com mais raiva do que nunca, muito menos pensando em se mudar da cidade que tanto ama.
Maldito calor.
Maldito Rio de Janeiro.
Maldito.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Lara.

Eu conheci Lara no último ano do colegial. Ela era a garota que mais chamava atenção na sala, não por ser popular, mas pela pele extremamente branca em contraste com as roupas sempre pretas para disfarçar seu manequim plus size. 
Lara quase nunca falava, mas aposto que se falasse tocaria todos com suas palavras. Carregava um sorriso vago no rosto, como se não encontrasse motivos para sorrir de verdade e no geral, parece que não tinha mesmo. Nunca a vi com um grupo certo de amigos, nada além de seus livros, seus pais sempre que apareciam no colégio estavam gritando com ela, enquanto nervosa, ela arranhava as próprias mãos. Eu sentia pena dela, mas não sabia ao certo o que fazer.
Até que Lara não suportou mais, as pessoas caçoando dela, os pais, o colégio... Num dia ensolarado, na naquela pequena cidade italiana, ela abriu os portões e saiu.
Quando eu olhei para trás lá estava ela correndo sem direção.
"Corra, menina, corra. vá de encontro ao seu destino, abra os braços e deixe o vento te levar, apenas respire e não pare de correr jamais."
E naquele momento eu só conseguia pensar que talvez o mundo fosse pouco para ela por não saber ver a beleza por trás daqueles olhos claros, da pele branca, da bochecha vermelha e da única mão que amacia um aperto.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

06.06.12

Seis de junho de dois mil e doze.

Venho, por meio desta, confessar-lhe o que há muito já sabe.
Eu te traí.
E foi de caso pensado.
Não tiro minha parcela de culpa, mas entenda que suas atitudes foram fundamentais para que eu tomasse essa decisão.
Todos fomos culpados nessa história, então não julgue apenas à mim. E se demorei para confessar, entenda que apesar de tudo, senti vergonha do meu ato e de ti.
No começo, eu era fogo e você gelo, tentava te derreter e... nada. No final, eu é quem esfriei. Foi preciso encontrar outra pessoa para voltar a ser fogo.
Você me transformou. Me fez retroceder às origens de meu nome. O homem que eu era antes de você endureceu e virou pedra. Agora penso que talvez não serei mais capaz de amar outra mulher como um dia te amei, mas que fique de lição também para você.
Derreta esse coração, não seja apenas gelo.

Para sempre teu,
Pedro, a pedra.

domingo, 27 de maio de 2012

Paranoia.

Sentia-se exposta.
Não podia abrir a geladeira, não podia tomar banho, não podia ver televisão.
Não podia cantar, falar ao telefone ou ler um livro.
Não podia se despir, não podia namorar, não podia gritar.
Não podia sentir, reclamar, muito menos sentar de perna aberta.
Não podia matar, não podia ir ao banheiro, não podia falar palavrão.
Não podia usar drogas, protestar ou se expôr.
Não podia dormir, não podia sonhar, não podia amar.
Nada podia.
Haveria sempre alguém lhe julgando.
Haveria sempre alguém lhe observando.
Mas ela não estava segura e protegida?
Aah, não. Não com esse teto de vidro.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

23.05.2012.

Vinte e três de maio de dois mil e doze.

Se eu fecho os olhos consigo me recordar de cada momento.
Com o Black apoiado nos lábios, esperando ser aceso, eu te olhava. Enquanto o acendia, você reclamava, mas eu só fechei os olhos e senti o gosto amargo do cigarro em minha boca.
E então eu falei. Usei todos os palavrões possíveis, citei todas as nossas músicas, joguei na sua frente nosso passado e minhas dúvidas sobre o futuro.
Acho que me perdi.
Acho que te perdi.
A razão, essa com certeza, eu perdi.
Eu não podia fumar, não podia "falar palavras de baixo calão", não podia ser irônico (no papel eu posso?). Eu só queria ser eu mesmo, ok?! Ou talvez outra pessoa, qualquer uma, que significasse algo para você. Mas sempre fui um ninguém.
Você queria que eu fosse diferente e acho que nessa briga eu consegui ser, te mostrei tudo o que pensava e quem eu realmente era.
Eu definitivamente te perdi.
Cada frase que usava, cada cigarro que eu acendia, cada sorriso irônico que eu dava, fazia você se afastar mais. Até que se afastou para sempre.
Mas essa briga, eu nunca esqueci.
E você, eu nunca esqueci.

Para sempre teu,
Lucas.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sexta de Música #33

E assim a gente não sai
que esse sofá tá bom demais
Deixa o verão pra mais tarde

quinta-feira, 10 de maio de 2012

(Re) Descoberta.

Só hoje percebo como enxergava, chamava e sentia tudo de forma errônea.
Amor não é a palavra certa. O correto seria utilizar seu nome para definir esse sentimento. E não, ele não pode ser confundido com paixão.
Paixão na verdade é o calor que sobe pela minha espinha quando me beija o pescoço, mas quando você se vai é um frio que percorre todo o meu corpo. Esse frio é a saudade.
Saudade porque me viciei em você. Vicio é o fato de eu sempre querer mais de você, mesmo quando acabei de ter tudo.
Já ciúmes é o que sinto com os sorrisos ou olhares que você dedica à outras que não à mim.
Músicas são aqueles acordes desafinados que saem do seu violão de madrugada. Amarante sentiria inveja se ouvisse sua voz rouca cantando "Deixa o Verão" no sofá para me acordar. Aliás, sofá é aonde nos transformamos em um só, onde nossos corpos se transformam em ondas e eu me perco no oceano. O oceano, na verdade, são seus olhos e toda vez que olho dentro deles, perco o ar, me afogo.
Casa agora é o peito teu, que se transformou em meu abrigo.
Ah, você! Mudou todo meu mundo. E agora, só agora, sei o real nome das coisas e percebo que em todo canto há um pedaço teu. Já eu, sou inteiramente tua.

Quinta de Poesia #33


Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Untlited II.

(...)
"Tira esse véu do seu rosto."
"Não quero que minha imagem afete você."
"Você me afeta em qualquer forma e de todas as maneiras. Não me importo com a sua imagem."
"Então por que insiste em que eu tire o véu?"
"Quero saber do que tem medo, o que me escondes..."
"..."
"E então?"
"Só não quero que meu rosto ofusque minha personalidade."
"Então és bela?"
"Só a beleza é capaz de ofuscar algo?"
"Não..."
"É tudo uma questão de distração. Não quero lhe tirar a atenção, certo? É só isso."

Ela já estava cansada de tanta insistência e ele de tanta ladainha.
Se calaram.
Depois se olharam.
Então ele deu um passo e a pegou em seus braços, forçando-a a abraçá-lo.

"Não vamos discutir."
"Eu, certamente, não irei."
"Por que é tão cabeça dura?"
"..."

Se apertaram mais.
Ela sabia que aquela seria a última vez, então resolveu aproveitá-la um pouco mais.
Se ele não conseguia aceitar a vontade dela de não mostrar o rosto, não aceitava ela.
Não havia motivos para continuar dessa maneira. Então abraçaria aquele homem por mais tempo do que normalmente ela se permitiria.

domingo, 22 de abril de 2012

Sozinho, porém sólido.

Sentado na penumbra, encarando o telefone e esperando ele tocar. Poderia ser qualquer pessoa... minha mãe, você, engano, telemarketing, qualquer um. Apenas toque, desgraçado.
Mas ele não irá tocar.
O jantar já foi servido, um belo banquete para um, mesmo a mesa contendo seis lugares.
Ninguém irá chegar.
Eu continuarei sem saber que som a minha campainha faz.
Assim eu sou. Só. Sóu. Acompanhante de mim mesmo.
Talvez agora seja a hora de comprar uma TV ou um rádio, qualquer coisa que emita som, assim poderia ouvir outras vozes além da minha ecoando por toda a parte.
E não há nada para se fazer. Já escrevi todos os contos, já li todos os livros. Já fiz a barba, já cortei o cabelo. Já arrumei a casa, já passei minhas roupas.
Não é fácil ser solitário nesse mundo interligado, mas eu aguento. Não caio na tentação de me jogar por essa janela do oitavo andar ou cortar os pulsos. Faço questão de praticar o auto-controle e não me afogar em mim mesmo. Tenho que me aturar. Tenho que aguentar quem eu sou.
Eu sou sozinho, mas sou forte, sólido e esses são os "só" que me acompanham.
Mas bem que o telefone poderia tocar e alguém na porta bater...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Quinta de Poesia e Sexta de Música #32


Felicidade?
Disse o mais tolo: "Felicidade não existe."
O intelectual: "Não no sentido lato."
O empresário: "Desde que haja lucro."
O operário: "Sem emprego, nem pensar!"
O cientista: "Ainda será descoberta."
O místico: "Está escrito nas estrelas."
O político: "Poder"
A igreja: "Sem tristeza? Impossível.... (Amém)"
O poeta riu de todos,
E por alguns minutos...
Foi feliz!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

13.04.12

Treze de abril de dois mil e doze.
Aqui do aeroporto, esperando anunciarem meu voo, me peguei pensando em você. Assim que eu subir nesse avião, terei uma nova vida, em um novo país onde você não estará, mas ainda restaram algumas coisas que preciso lhe dizer, coisas que pessoalmente nunca tive coragem, nem mesmo na nossa despedida.
Queria estar carregando nessa mala um pedaço teu. Algo com a sua marca e que eu não encontrarei em lugar algum do mundo. Algo como uma parte de seus cabelos que leve aquele cheiro único de jasmim ou uma peça de roupa com o cheiro doce de seu perfume (que nunca soube definir ao certo, acho que já nasceu contigo). Queria estar carregando qualquer coisa que te trouxesse até mim, por uma fração de segundo que seja. Roupas. É só isso que vou encontrar quando chegar ao hotel.
Você já entendeu aonde quero chegar e dever estar tendo uma síncope, mas vai piorar, porque vou parar de enrolar e falar de uma vez com todas as letras: EU AMO VOCÊ. Não notou como sempre te amei? Te idealizava, botava-te em um pedestal, mas porque eu te amava.

(Última chamada para o voo AF0042)


Mas fica tranquila. Guarda teus medos, meu avião já vai partir e eu vou com ele. Levando meu amor e sem cobrar nada de você, porque não é necessário. Vou começar uma vida nova, quem sabe com uma nova mulher.

Mas saiba que serei
Para sempre teu,
Marcelo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Metrô.

Por que eu simplesmente não consigo desviar os olhos de você ou imaginar os detalhes da sua vida? Você é simplesmente encantador aos olhos.
Você pode ser um psicopata. Não, psicopatas não têm olhos tão gentis quanto os seus. Um encanador talvez? Minha mente não liga muito uma coisa a outra, né?! Te achava um psicopata e agora acho que é encanador.
Os calos nas mãos o delataram, algum tipo de trabalho duro você faz. Encanador? Escultor? Pianista? Ouvi dizer que pianistas têm calos enormes que nunca poderão ser reparados... É. Você aparenta ser um pianista.
Sua vida o preocupa. As rugas em sua testa não são sinais de idade avançada (aliás, duvido que tenha os cinquenta anos que aparenta), mas sinais de preocupação. Só que provavelmente leva tudo isso com bom humor, pois há marcas de expressão ao redor da sua boca.
Essa cicatriz no seu braço seria de quando caiu da árvore? Deve ter subido para pegar uma bola de futebol ou uma pipa, escorregou e caiu, quebrando em uma ou talvez duas partes, estou certa?  Alguns meses de recuperação e uma cicatriz para toda a vida. Pelo visto você gostou de ser criança. E pelo visto você gosta de crianças. Quando o pequeno ao seu lado começou a chorar, você sorriu pacientemente para ele, mas depois seus olhos adquiriram um ar melancólico. Seus filhos já são crescidos? Vai ver nunca chegou a ter filho algum... uma pena, pois tenho certeza de que seriam amados.
Ooh, pianista, não fique assim. Toque uma canção para mim. Qualquer uma, mas que venha do fundo de sua alma e conte todos os seus segredos.
E afinal qual deve ser sua verdadeira vida? Nunca saberei. Chegou a minha estação.

sábado, 31 de março de 2012

Sexta de Música #31

Let's forget about the tongue-tied lightning
Let's undress just like cross-eyed strangers
This is not a joke, so please stop smiling
What was I thinking when I said it didn't hurt?



quinta-feira, 29 de março de 2012

Quinta de Poesia #31


Saudação aos que Vão Ficar


Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarão com saudade
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
Que diferença haverá
entre o avô e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarão entre si
os seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
- ante o lugar que vence -
de voar para lugar distante
na casa que não lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juízo?
E o que será loucura? E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos)
não farão às ocultas, homens especiais
que, de repente,
possam duplicar o próprio tamanho?
Quem morará no Brasil,
no ano dois mil?
Que pensará o imbecil
no ano dois mil?
Haverá imbecis?
Militares ou civis?
Que restará a sonhar
para o ano três mil
ao ano dois mil?
Millôr Fernandes

terça-feira, 27 de março de 2012

Joana.

Tem dois olhos cor de mel a encarando, olhos de ressaca, como os de Capitu. A maquiagem não adiantou, nem adiantaria, a ressaca está dentro deles, subentendida.
Mas ele gosta.
Tem uma boca pintada de vermelho em frente à ela, contraída, praguejando por ser tão grande. Mas foi um pedido dele que seus lábios estivessem pintados dessa cor, então realmente importa se isso só os deixa maiores?
Ela olha para o relógio, do espelho e nota que nem no dia de hoje, quando chega a ser de bom tom se atrasar, ela consegue.
E até disso ele gosta.
Porém, será que ele vai continuar gostando de tudo depois do dia de hoje? Ele vai continuar gostando dela quando descobrir que ela não anota os recados, que quando ela vai para a cozinha alguma coisa sempre queima e que ela é a pior pessoa do mundo quando fica de TPM?
Ela espera que ele continue gostando.
Mas quando ela entrou na igreja, mesmo com o vestido exagerado, o batom muito vermelho e os olhos de ressaca, ele sorriu. E naquele momento ela teve certeza, como nunca tivera em toda sua vida.
E ela soube que ele gostava dela e gostaria independente de qualquer coisa. Para sempre.

domingo, 25 de março de 2012

25.03.2012.

Vinte e cinco de março de dois mil e doze.

Eu te amei. E cedo demais. Era só te ver que meu coração disparava, que lhe escrevia uma canção e tudo o que passava em minha cabeça tinha a ver com você. Será que tudo isso aconteceu só por que o amor está na moda?
Não me importo que faça menos de seis meses que nos conhecemos ou que eu não saiba detalhes da sua infância. Eu sei que carinho na nuca te arrepia e você adora morder meu lábio.
Acho que assisti tantos filmes de sessão da tarde com minha irmã, desses que o amor acontece a primeira vista, dá tudo errado e depois o casal é feliz para sempre. O amor aconteceu de primeira, tudo deu errado, mas eu queria tanto que fôssemos felizes.
Nunca deixei nada subentendido, sempre gritei aos quatro cantos que te amava, era apaixonado, louco por você. Talvez o que tenha estragado tenha sido essa insanidade da minha parte. Talvez fosse a sua pouca idade, a falta de maturidade ou vai ver simplesmente para você não foi amor e ponto. Mas não custava nada tentar, né?! Se eu estava de quatro por você, feito um cachorro, não era óbvio que se alguém fosse sofrer, essa alguém seria eu? Não custava nada tentar.
De qualquer maneira, continuo pensando em você com o coração disparado e o violão por perto para lhe compor uma canção.

Para sempre teu,
do seu último romântico.
Caio.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sexta de Música #30

Olha só,
Moreno do cabelo enroladinho
Vê se olha com carinho pro nosso amor,
Eu sei que é complicado amar tão devagarzinho
E eu também tenho tanto medo,

Não achei a música, então aqui fica o vídeo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Quinta de Poesia #30


13 Linhas Para Viver

1. Gosto de você não por quem você é, mas por quem sou quando estou contigo.
2. Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar.
3. Só porque alguém não te ama como você quer, não significa que este alguém não te ame com todo o seu ser.
4. Um verdadeiro amigo é quem te pega pela mão e te toca o coração.
5. A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca vai poder tê-lo.
6. Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso.
7. Pode ser que você seja somente uma pessoa para o mundo, mas para uma pessoa você seja o mundo.
8. Não passe o tempo com alguém que não esteja disposto a passar o tempo contigo.
9. Quem sabe Deus queira que você conheça muita gente errada antes que conheças a pessoa certa, para que quando afinal conheça esta pessoa saibas estar agradecido.
10. Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.
11. Sempre haverá gente que te machuque, assim que o que você tem que fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem você confia duas vezes.
12. Converta-se em uma pessoa melhor e tenha certeza de saber quem você é antes de conhecer alguém e esperar que essa pessoa saiba quem você é.
13. Não se esforce tanto, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos.
Gabriel García Marquez

terça-feira, 13 de março de 2012

Cachos.

"Olha só, moreno do cabelo enroladinho, vê se olha com carinho pro nosso amor."


Eu te olho e parece que leio seus pensamentos. Você enrola um cacho e confirma o que passava em minha mente.
Toin.
E um sorriso de canto de boca.
Toin.
Toin.
E você não vai me enrolar.
Não sou um cacho seu, apesar de já ter desejado muito isso, aceitei que não sou. Você não me puxa, amassa, solta, passa entre os dedos. Você nem se quer me leva em sua cabeça.
Ô moreno, pára de pensar. Você acha que não tenho medo? Pois tenho até demais. Só que eu continuo aqui tentando, me esforçando, lutando para ter você. Eu sei, a gente tem o eterno amor de além, mas quer que eu faça o que? Quer que eu fique de braços cruzados, te olhando enrolar esses cabelos e lendo seus pensamentos que não estão nem em mim?
Não tenho paciência, moreno. Pára com esse toin, toin, se aproxima um pouco mais e me deixa lhe fazer um cafuné, mas se achar melhor desistir e partir, parta. Não ganhei nada mesmo. Antes de partir me deixa um pedaço teu, talvez um cacho, para guardar de lembrança.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sexta de Música #29

Take my hand and come with me
Because you look so fine
That I really wanna make you mine




quinta-feira, 8 de março de 2012

Quinta de Poesia #29


A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

29.02.2012.

Vinte e nove de fevereiro de dois mil e doze.
Carta é uma coisa tão antiga, querida, mas eu queria que você pudesse tocar em minhas palavras sempre que quisesse e guardá-las mesmo quando longe de ti, eu estiver.
Você está deslumbrante hoje. Gosto de te ver assim com os cabelos soltos ao vento, sua gargalhada dando eco, os olhos brilhando. Só não me agrada essa sua proximidade do abismo, o perigo se mistura com o brilho dos seus olhos, uma mistura perigosa.
Mas isso te inspira, você balança seus pés no nada, enquanto discursa sobre a fragilidade da vida. Por que você faz isso comigo, meu amor? Não vê que estou querendo lhe dizer tudo o que sinto? Não vê que quero tirar-lhe desse abismo, abraçar-lhe e te fazer minha até provar que meu amor é tudo o que você precisa? Eu não quero saber da fragilidade da vida, porque ela não é frágil quando estou com você.
Você sempre se mostrou tão forte para mim, ficando ao meu lado, me dando apoio e aonde está essa pessoa forte agora? Por que há lágrimas nos seus olhos? Por que você fala em sumir? Por que você pensa em se jogar? Por quê?
Pequena, não há motivo para isso. Senta aqui. Eu te cuido. Eu te embalo. Senta. Não. Não chega perto daí, não se afasta de mim. Querida, por favor, eu te imploro.
Não. Faça. Isso.

.
.
.

Se eu acordar, posso te tocar, logo ao meu lado, você descansa tranquila, talvez sonhando com pique-niques e dias felizes. Mas o sonho é tão real, pequena. Você se afasta lentamente de mim e eu sinto meu coração se afastando junto.
Apenas prometa, querida, que após ler essa carta correrá ao meu encontro e me prometerá viver para sempre ao seu lado. Assim como você prometeu naquele dia em que você estava deslumbrante, em que havia uma mistura perigosa em seus olhos, em que você discursava sobre a fragilidade da vida. Naquele dia em que você aceitou se casar comigo. A partir daquele dia, eu soube o que é ser feliz.
Agora pára de ser preguiçosa, levanta dessa cama e vem me dar um beijo, talvez fazer nosso café da manhã. Estarei te esperando na mesa de jantar, lendo um jornal, como em todas as manhãs.

Para sempre teu,
Johnathan.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Série: Para sempre teu.

A nova série do blog se chama "para sempre teu", inspirada no livro "Para sempre teu, Caio F.".
A série vem com uma história diferente a cada post, mas todas falando do mesmo assunto: o amor. Retratado através de cartas dos eternos apaixonados para suas amadas.
A série começa amanhã e eu espero que gostem. Espero também, que me desculpem pela ausência de posts.
Atenciosamente,
a autora.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sexta de Música #28

Ele era um aspirante a poeta
Ela era a inspiração
E pra ele qualquer coisa nela despertava uma canção



Quinta de Poesia #28

A dor é uma coisa estranha.
Um gato que mata um pássaro,
um acidente de automóvel,
um incêndio...

A dor chega,
BANG,
e eis que ela te atinge.

É real.

E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido.
Como se te tornasses, de repente, num idiota.

E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar...
Charles Bukowski

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sobre a própria.

Eu não fui uma "menininha" na infância. Nunca sonhei em fazer balé, meu quarto nunca foi rosa e nunca achei que os contos de fada eram as histórias mais lindas do mundo. Meu livro favorito era um drama, um conto infantil sobre uma tartaruga solitária, era meu favorito porque eu me via nele.
Mas também não fui nenhum moleque. Preferia Cavaleiros do Zodíaco ao invés de Branca de Neve, mas sobrevivi à infância intacta e sem ter nunca empinado uma pipa. Eu fui criança de apartamento e fui criada com vó, mas mimada não é um adjetivo usado para me definir. Sei meus limites e desde cedo aprendi que "a minha liberdade termina onde começa a sua".
Eu não gosto de mudanças e nem de surpresas, elas me tiram a reação e tudo o que eu  não sou é uma pessoa impulsiva. Ou eu penso antes de fazer alguma coisa ou não faço. Não dou um passo sem saber o que pode me fazer recuar mais para frente. Não faço uma coisa sem saber das consequências que poderão aparecer. Eu sou uma pessoa que procura ter total controle de si mesma.
Eu gosto do escuro, mas funciono melhor de manhã. Eu gosto do silêncio, mas não vivo sem música. Eu sei sambar, mas meu pé esquerdo não. Eu sei segurar o choro, mas meus olhos não. Eu sei ser feliz, mas meu coração não. Eu sou toda errada.
Eu tenho uma lista de palavras preferidas e a maioria delas começa com "e". Eu vejo coisas que ninguém vê em quadros abstracionistas e em nuvens também. E normalmente quando eu cito as coisas, eu cito três. Eu sou uma pessoa estranha.
Eu ainda sou aquela tartaruga solitária. Eu ainda sou aquela garotinha tímida que se esconde atrás da mãe. Eu ainda encaro demais o chão. Eu ainda falo muito sobre morte. Eu ainda tenho medo do futuro e das pessoas. "Acho que eu fico mesmo diferente, quando falo tudo o que penso realmente. Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou e uso as palavras de um perdedor."


Nota da autora: Para a Bambuxa, que reclamou que eu não falava de mim nos meus próprios textos. Mas pelo o contrário, estou em todos os deles, direta ou indiretamente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Igor.

Eu queria ter o poder de livrá-lo dessas pessoas, queria que ele fosse um homem como qualquer outro. Quando ele nasceu, achei que tinha conseguido o filho perfeito. Um par de olhos, de braços, de pernas. Uma boa audição, um coração que batia forte em seu peito, tudo parecia perfeito. E por alguns anos, eu achei  que isso era tudo. Sua infância fora tão normal e tão feliz que os primeiros sintomas da doença eu entendia como "coisa de adolescente".
Dos quatorze aos dezesseis nos falávamos raramente, ele ia mal na escola e chegou a repetir de ano, não tinha amigos, vivia trancado em casa e seu comportamento era volúvel e estranho. Eu culpava minha esposa e ela me culpava. Só quando Igor completou dezessete anos, descobrimos que a culpa não era nem nossa, nem dele.
Igor foi diagnosticado com esquizofrenia indiferenciada. Meu filho perfeito era esquizofrênico. Um par de olhos, de braços, de pernas. Uma boa audição, um coração que batia fortemente em seu peito, mas com um cérebro ruim, que o fazia ter alucinações e delírios.
Eu pensei que isso fosse matar o meu filho. Aos poucos eu via o Igor a quem dei comida na boca, troquei as fraldas, ensinei a andar de bicicleta, desaparecer. A perfeição que eu achava que ele tinha atingido, se distanciava do meu filho e da nossa família.
Foi preciso muito tempo depois do diagnostico para que eu percebesse que sim, eu tenho um filho perfeito. Ele tem sofre de alucinações e delírios, tem esquizofrenia, mas ainda assim ele é perfeito. Perfeito para mim e para minha esposa. O filho que sempre sonhamos em ter.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Meu Querido.

(ou o outro lado da história de Minha Menina.)

Eu costumava ter um amor, o meu querido. E eu o amava de um jeito único, como deve ser. Mas eu tinha medo, medo de não ser suficiente para ele, medo de que tudo o que me fazia amá-lo acabasse nos afastando.
Ninguém nunca me ensinou a amar, na infância as brincadeiras com boneca me ensinaram a ser mãe, esposa, cozinheira, dona de casa, mas não me ensinaram a amar. Mas assim que te conheci, eu tive que aprender na marra.
Por isso eu nunca soube expressar meus sentimentos, mas quando não me declarava, ou não dizia aos quatro cantos que te amava, não significava que não o amava. Até porque, eu te amava no mais calado silêncio.
Seu problema sempre foi rotular, querido. Por que tentar moldar, decifrar, dar nomes para o nosso amor? Deixasse ele crescer e se firmar do jeito mais natural possível. Aliás, era só isso que eu queria também. Crescer.
Mas eu aprendi com você, querido. Mais do que com qualquer outra pessoa. Com você, eu enxerguei mais. Vi beleza no mundo, vi cores, vi amor. Mas o problema é que vi demais.
A gente se excedeu demais, amor. Foi amor demais, carinho demais, paixão demais, felicidade demais. Felicidade não dá uma boa narrativa, querido. E eu ainda queria poder contar a nossa história.
Não me entenda mal, querido. Eu ainda o amo, mas preciso me afastar de você. Seu amor me roubava a luz, me deixava cega e eu preciso recuperar tudo isso. Recuperar a clareza do mundo.
Não entenda isso como um ponto final em nossa história, são apenas reticências. E nessa distancia ingrata, serei mais eu e você será mais você, para só quando o destino decidir, sermos mais nós, juntos.
Mas eu costumava ter esse amor. E eu o amava (e continuo amando) de um jeito único, como deve ser.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sexta de Música #27

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
(I can forget about myself
Trying to be everybody else)
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
(I feel all right that we can go away)
Pode ser a eternidade má
(And please my day)
Eu ando sempre pra sentir vontade.
(I'll let you stay with me if you surrender)


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Quinta de Poesia #27

O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 

E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração.



Fernando Pessoa

domingo, 29 de janeiro de 2012

Camaleão.

Eu sempre me surpreendi com essa sua facilidade de mudar. Uma hora eu quase podia sentir sua afeição por mim e num piscar de olhos eu parecia senti seu ódio.
No fundo (quem eu estou tentando enganar? Nem se quer precisam ir muito longe para enxergar isso) você nunca me quis. Mas por discrepância do destino, eu vim para ficar.
Admirável também, sempre foi sua capacidade de ignorar o som da minha voz e a minha presença. Eu nunca te surpreendi. Nada do que eu fizesse seria bom ou ruim o suficiente para abalar toda a indiferença. Tão pouco te surpreendia com minha capacidade de auto-punição. Minha facilidade para chorar te irritava. Você sabia o quanto suas palavras, sua indiferença doíam em mim, mas isso nunca pareceu te incomodar.
Ainda assim, eu queria entender entender como você não se acostumou comigo, não percebeu que nunca terá por onde fugir, eu não iria (se quer poderia) à lugar algum.
Eu era como um brinquedo para você, um brinquedo sem graça, sem propósito, que só gastava pilha.
Eu sou um brinquedo que você nunca pediu para ganhar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sexta de Música #26

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run...


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quinta de Poesia #26.


Vertical Noturna

Na meia noite há pessoas
que ainda andam por aí
sem saber pra onde seguir
seguem perdidas em si
não conseguem se destrair
fraudando estarem felizes
preenchem o vazio
com coisas que nunca são mais,
preenchem o vazio
com coisas demais triviais
Na meia noite há pessoas
que ainda andam por aí
tentando nem pensar
no que ainda há por vir,
sem ao menos tentar
já pensam em desistir
suas vidas são menos vividas
seguem a reta esquecendo as esquinas
Mauricio Nuper

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sobre caminhar.

(ou Sobre seguir em frente.) (ou Sobre o novo ano.)

Nunca fui uma pessoa de fé, sempre achei que a fé é a coragem dos covardes. E nunca fui de admitir que era uma covarde. Logo eu, a mais covarde de todas. Mas não adianta, não consigo ter fé.
Ainda assim, alguma esperança eu consigo alimentar dentro de mim. Pouca, mas alguma. Com um novo ano começando fica um pouco mais fácil eu tentar me encher de otimismo e pensamentos positivos. O que fica difícil é dar o primeiro passo.
Quando você se acostuma com as coisas dando errado e encontra uma fonte (mesmo que seja mínima) de esperança e tenta se agarrar à ela, fica difícil agarrar para valer, admitir que talvez dessa vez as coisas não saiam de controle e podem até dar certo. O primeiro passo é admitir isso e é sempre o mais difícil. "O copo está meio cheio ou meio vazio?", admitir que o copo pode estar 51% cheio é difícil, 1% faz uma diferença enorme quando se trata da vida e de tudo o que pode dar errado nela. 1% faz diferença quando o assunto é felicidade.
Com o primeiro passo dado vem a coragem para dar os outros e cada vez mais a fé se afasta de mim...
Mas apesar de não ter fé, eu sempre pedi. Aos astros, a mim mesma, ao destino, a nada. Sempre pedi. Só que hoje eu não peço mais nada, não aguento mais pedir. Chegou a hora de realizar.

"Se a vida fosse um ensaio... e tivéssemos tempo para refazer. Poderíamos experimentar até acertar. Infelizmente, cada dia da nossa vida é o dia final. Parece que mesmo quando podemos ensaiar e praticar... não estamos preparados para os grandes momentos da vida." (Grey's Anatomy 8x11)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sobre os melhores.

Eles são únicos. E não se diferem só do resto do mundo, mas também deles mesmos. Você não tem igual. E se eu perdê-los, não vou conseguir substituí-los por outros.
Eles são incríveis. Eu não preciso chamar, muito menos gritar, para que eles entendam quando preciso deles.
Eles são sinceros. E falam o que tiverem que falar. Me xingam, dão bronca, falam coisas que eu não quero escutar. Mas eles podem fazer tudo isso, chega a ser o dever deles.
Às vezes eles fazem com que eu me desdobre. Viro mãe, enfermeira, pole dance, cadeira. Mas eu não me importo, porque sei que exijo isso deles também.
Eles só despertam o que há de bom em mim e tudo o que eu consigo desejar é o bem à eles.
É neles que eu confio meus maiores segredos, medos, dúvidas. É com eles que eu quero partilhar meus melhores momentos, minhas melhores alegrias.
São eles que me fazem rir nos momentos mais inoportunos (e oportunos também), são eles que dão toda a força que eu preciso. São eles que me fazem ir em frente.
E é a presença deles que eu quero ter sempre por perto.
Eles são os melhores. Eles são os meus amigos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Henrico.

Henrico vivia entre acordes, mas fingia viver entre legislações. Henrico sonhava com shows e fãs, mas dizia sonhar com tribunais. A única maneira de alcançar o que almejava era deixando de ser quem ele realmente era. Com o tempo, essa se tornou sua maior especialidade.
Nascido em berço praticamente de ouro e criado em internatos religiosos, Henrico cresceu acreditando que poderia ter tudo o que quisesse. Até que conheceu novos amigos.
Montou uma banda, deixou o cabelo crescer, arrumou uma namorada e uma legião de fãs.
Mas para os pais ainda era o Henrico de sempre, o cabelo fazia parte de uma promessa, a namorada era só um erro e os fãs... os pais nunca souberam dos fãs. O filho seria o advogado que eles sempre sonharam. Só que não era isso que Henrico queria, nunca foi.
Henrico só queria viver a própria vida. Fazer sua música, tocar sua guitarra. Independente dos pais, dos amigos, da namorada, dos fãs. Ele só queria viver a vida que ele sempre sonhou em ter. Seria isso querer demais? Seria isso sonhar muito alto? Não importava. Não mais.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sexta de Música #25

And we're just following the flock, round
And in-between, before we smash to smithereens
Like they were, and we scramble from the blame


Quinta de Poesia #25

Poesia por acaso

Sem inspiração
estou agora.
Tento atiçar a imaginação
mas ela demora.
Não consigo pensar em algo
que faça rimas.
É como querer acertar o alvo
com a flecha apontada para cima.
Não acho um bom assunto
que se organize bem em versos.
Mesmo sabendo que no mundo
há mil assuntos diversos.
Que coisa chata,
não consigo imaginar.
Isso quase me mata, 
porque é horrível não poder pensar.

Mas espere um momento,
mesmo não tendo um tema,
se estas frases vou relendo,
vejo que é um poema!


Clarice Pacheco.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ideologia, eu quero uma pra viver.

Eu só queria entender quando a brincadeira parou de ter graça para mim. Qual foi o momento em que eu percebi que viver não é tão divertido assim, é muitas vezes duro?
Uma dose de tequila não vai acabar com a fome no país e um engradado de cerveja não vai fazer com que os políticos corruptos doem seu dinheiro para instituições carentes.
Só eu enxergo isso?
Se eu não me encaixo, talvez a culpa não seja minha. Talvez seja da minha geração. Não somos a geração saúde, ou a geração rock and roll, somos apenas uma geração sem propósito e sem ânimo para lutar. Apenas uma geração que será esquecida em breve.
Nos anos 70 os jovens eram protestantes, formadores de pensamento, hoje são o que? Alcoolatras?
Ainda há motivo para lutar, ainda há motivo para protestar. Mas há uma festa e provavelmente estarei muito ocupada tentando parecer legal.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Robô.

Tudo se resume em uma coisa só: sentir.
Mas como estar vivo e não sentir nada? É estar vivo por fora e morto por dentro. E é nessa condição em que vivo.
Enxergar com os olhos da alma, amar como se não houvesse amanhã, se apaixonar como se a própria vida dependesse disso... é mesmo necessário?
O problema dos humanos é que eles sentem... e se entregam.
Seria tão mais fácil se fossem um robô, assim como eu.