domingo, 24 de junho de 2012

Disparate.

Despiu-se e atirou-se na cama.
Os lençóis grudavam em sua pele.
Maldito calor.
Maldito Rio de Janeiro.
Então riu de si mesma.
Olha ela, sendo um clichê. Odiando a cidade que ama, odiando o tempo que ama.
Mentira.
Esse calor ninguém ama.
Pensou em ligar o ar condicionado, mas lembrou que não pagou a conta de luz esse mês.
Culpa dele.
Mentira, a culpa era dela.
Se naquela noite quente não tivesse sentado ao lado dele e ele não tivesse reclamado do mesmo calor, do mesmo Rio de Janeiro...
Se ele não tivesse oferecido um drink, algo com álcool e bastante gelo, se ela não tivesse caído na lábia ou pelo menos pensasse e não se entregasse de primeira...
Se ela não se derretesse toda vez que ele pedia para ela ficar um pouco, para não sair da cama, para não vestir a roupa, para não pagar as contas...
Se... Se... Se...
Se nunca tivesse feito aquele calor infernal e ela nunca tivesse precisado sair de casa para espairecer, as coisas teriam sido muito diferentes.
E agora, ela não estaria blasfemando sobre o calor com mais raiva do que nunca, muito menos pensando em se mudar da cidade que tanto ama.
Maldito calor.
Maldito Rio de Janeiro.
Maldito.