terça-feira, 19 de junho de 2012

Lara.

Eu conheci Lara no último ano do colegial. Ela era a garota que mais chamava atenção na sala, não por ser popular, mas pela pele extremamente branca em contraste com as roupas sempre pretas para disfarçar seu manequim plus size. 
Lara quase nunca falava, mas aposto que se falasse tocaria todos com suas palavras. Carregava um sorriso vago no rosto, como se não encontrasse motivos para sorrir de verdade e no geral, parece que não tinha mesmo. Nunca a vi com um grupo certo de amigos, nada além de seus livros, seus pais sempre que apareciam no colégio estavam gritando com ela, enquanto nervosa, ela arranhava as próprias mãos. Eu sentia pena dela, mas não sabia ao certo o que fazer.
Até que Lara não suportou mais, as pessoas caçoando dela, os pais, o colégio... Num dia ensolarado, na naquela pequena cidade italiana, ela abriu os portões e saiu.
Quando eu olhei para trás lá estava ela correndo sem direção.
"Corra, menina, corra. vá de encontro ao seu destino, abra os braços e deixe o vento te levar, apenas respire e não pare de correr jamais."
E naquele momento eu só conseguia pensar que talvez o mundo fosse pouco para ela por não saber ver a beleza por trás daqueles olhos claros, da pele branca, da bochecha vermelha e da única mão que amacia um aperto.