domingo, 22 de abril de 2012

Sozinho, porém sólido.

Sentado na penumbra, encarando o telefone e esperando ele tocar. Poderia ser qualquer pessoa... minha mãe, você, engano, telemarketing, qualquer um. Apenas toque, desgraçado.
Mas ele não irá tocar.
O jantar já foi servido, um belo banquete para um, mesmo a mesa contendo seis lugares.
Ninguém irá chegar.
Eu continuarei sem saber que som a minha campainha faz.
Assim eu sou. Só. Sóu. Acompanhante de mim mesmo.
Talvez agora seja a hora de comprar uma TV ou um rádio, qualquer coisa que emita som, assim poderia ouvir outras vozes além da minha ecoando por toda a parte.
E não há nada para se fazer. Já escrevi todos os contos, já li todos os livros. Já fiz a barba, já cortei o cabelo. Já arrumei a casa, já passei minhas roupas.
Não é fácil ser solitário nesse mundo interligado, mas eu aguento. Não caio na tentação de me jogar por essa janela do oitavo andar ou cortar os pulsos. Faço questão de praticar o auto-controle e não me afogar em mim mesmo. Tenho que me aturar. Tenho que aguentar quem eu sou.
Eu sou sozinho, mas sou forte, sólido e esses são os "só" que me acompanham.
Mas bem que o telefone poderia tocar e alguém na porta bater...