quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Castelo de areia.

Era a rainha de uma estrutura em ruínas onde não se podia tocar nas paredes, pois desmanchavam e viravam nada. Mesmo assim, ela não tinha como escapar.
Em todos os cômodos da casa havia cheiro de algo em decomposição. Era um cheiro forte e sufocante, do qual ela não conseguia se livrar. Nem flor de plástico sobrevivia no castelo, mas lá estava ela.
O único relógio que havia lá marcava apenas duas horas: 23:59h e 00:00h. O final de cada dia e o início do próximo.
À noite tudo escurecia e lá estava ela, ainda mais presa e sufocada. A luz bruxuleante vinda do único candelabro não era o bastante para iluminar todo o castelo e já que nada se podia fazer, ela dormia sob essa luz. E sonhava com uma rainha de asas que estava presa em seu castelo e não conseguia fugir enquanto ele desmoronava em sua cabeça. Toda vez que acorda, ela sabe.
Ela sabe que o castelo é ela e ela é o castelo. 
Ela sabe que não há maneira de fugir de si mesma.
Mas talvez quando o relógio bater meia-noite tudo melhore. Talvez ela crie suas próprias asas e consiga voar para bem longe.
Talvez...