sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Memórias de Penteadeira II.

A saudade cansa, querido. Meus olhos estão pesados de sono e tudo o que faço é dormir. A saudade dá sede, amor. Sede de whisky e conhaque, enquanto o álcool queima a garganta, a saudade apazigua. A saudade tem desejo, querido. Desejo de se matar. E só te ver, te tocar, te sentir, poderia matá-la.

Por que eu não consigo te esquecer? Tudo ainda lembra você, por mais que seu cheiro tenha se perdido no tempo.

 Lembra quando você cantava aquela música dos Los Hermanos e reclamava porque era mais sentimental e sempre sofria mais? No final quem acabou sofrendo? Fui eu, amor. A sentimental da história no fim fui eu.
Você sempre me perguntava por que ser assim tão fria. A vida me ensinou a ser fria, você me ajudou a esquentar. Então você se foi e aqui estou eu, fria novamente. Não sei se outro alguém vai conseguir me esquentar de novo, amor. Eu mudei sem você aqui, toda essa frieza que me atingiu, é uma frieza nova. E se você voltar? Provavelmente não vou conseguir lidar com você. Se eu mudei, você que é mutante deve estar completamente diferente. É por isso que você se foi? Eu te atrapalhava, não te deixava mudar? Você se foi para poder ser mutante sozinho? Eu poderia ser mutante com você se me ensinasse, amor. Eu juro que poderia. Eu juro.
A saudade cansa, querido. E eu já estou exausta dela.